Não é de hoje que o ensino das línguas estrangeiras Brasil vem sendo discutido, refletido e mal interpretado ao longo dos anos, talvez por não se acreditar na sua relevância ou se desconhecer a sua verdadeira finalidade. Quanto a isso, Moita Lopes (1996) assegura que o campo de ensino de línguas estrangeiras no Brasil tem sido vítima de uma série de mitos, oriundos da falta de uma reflexão maior sobre o processo.
Apesar de longos anos dedicados à discussão sobre o processo de ensino e aprendizagem da língua estrangeira, ele permanece ineficiente nas escolas públicas. Isso parece estar acontecendo por não se atender à finalidade do ensino que o momento em que vivemos exige. [...]
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A falta de esclarecimento da verdadeira finalidade do ensino da língua Inglesa nas escolas, para os docentes e discentes, resulta em fatores problemas, que constituem “barreira institucional e socialmente validadas contra quaisquer projetos pessoais ou coletivos de mudanças” (Donnini et al 2010, pg. 14). Entre esses problemas, cabe destacar: timidez, medo de errar, o uso inadequado de material didático e eletrônico, metodologia inadequada, a aparente falta de praticidade da língua alvo, o grande número de alunos numa sala de aula, falta de interesse por parte do aluno e do professor.
Para por fim nestes problemas, o que nós, professores de LI, precisamos enxergar é justamente os objetivos e finalidades do ensino desta língua multinacional. Só a partir daí é que o ensino da LI fará sentido, tanto para quem ensina quanto para quem aprende. [...]
Ensinar e aprender inglês para que?
A língua Inglesa tem se consagrado como segunda alternativa de comunicação na maioria dos países; é a língua dos esportes, do cinema, da Internet; é usada nos restaurantes, hotéis, nos negócios, nos aeroportos; em congressos, na diplomacia, nos meios científicos e na publicidade. Neste sentido Paiva (2005) cita Ventura que nos diz que:
“O inglês é uma epidemia que contamina 750 milhões de pessoas no planeta[1]. Essa língua sem fronteiras está na metade dos 10.000 jornais do mundo, em mais de 80% dos trabalhos científicos e nos jargões de inúmeras profissões, como a informática, a economia e a publicidade” (PAIVA, 2005, p. 10).
De modo semelhante, Le Breton (2005, p. 21) chegou à conclusão de que o Inglês de língua nacional, se tornou imperial, e tende a tornar-se universal, e não apenas por uma questão de geografia. Ele aspira manifestamente a se tornar a língua do progresso, da ciência, da pesquisa; a língua da inovação, da conquista material; a língua da riqueza; a língua dos homens que são seguros de si e que podem ser tomados como modelo, sem deixar de ser a língua do não-conformismo e da liberdade de espírito.
Por isso, língua Inglesa não é mais vista meramente como um fenômeno lingüístico através do qual se dissemina o progresso econômico da Inglaterra e dos Estados Unidos, hoje ela vai muito além disso
No entanto, devemos estar conscientes e buscar ensinar a usar a língua com outros propósitos; como por exemplo, para instrução, promover a solidariedade e a cidadania. (LEFFA, 2006).Este tipo de ensino faz-se necessário, para que o aprendiz possa se inserir e integrar-se em contextos diversos, e conseqüentemente acessar o mundo pós-moderno.
Desse modo, devemos ensinar e aprender Inglês, pois este processo possibilita a ativação ou ampliação das nossas formas de ver o mundo; teremos, assim, a oportunidade de refletir sobre a nossa própria cultura, o nosso ser, virtudes e ações, medindo, através de comparações, as nossas formas de agir, pensar e sentir, enriquecendo e muito a nossa formação, tornando significativos o ensino e a aprendizagem[...]
Mudança exige reflexão sobre as práticas. Por isso que, em se tratando do ensino e aprendizagem, mudanças no processo exigem uma tomada de consciência sobre o real para se buscar o ideal.
Flavius Almeida dos Anjos
flaviusanjos@ig.com.br
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